domingo, 7 de maio de 2017

RUTA 40 - de La Quiaca a Bariloche - Sétimo dia:



Dia 09/09/2016 – sexta-feira - Mendoza/AR x Chos Malal/AR – 684 km – Total 4.746 km.

Acordei perto das 6hs da manhã, foi a noite melhor dormida até agora na viagem, apesar disso estávamos cansados.
Levantamos lentamente, ainda era noite, e fomos arrumar a bagunça que estava as nossas bagagens, banho tomado, bagagem arrumada, e descemos para tomar café.
Pegamos as motos na garagem, demos manutenção nas correias, arrumamos a bagagem, tomamos café e pouco mais das 7hs já estávamos abastecendo as motos para pegarmos a estrada. O sol aparecia timidamente, e em poucos minutos amanheceu.
Saímos pela ruta 7 até pegarmos a ruta 40 vários quilômetros à frente. O trânsito era forte, com muitos carros e alguns caminhões andando lentamente. Seguimos com a cordilheira nevada a nossa direita e rapidamente estávamos passando pela confluência que leva a Uspallata e a fronteira com o Chile pelo passo Los libertadores.
Alguns quilômetros à frente paramos para tirarmos algumas fotos, era perto das 8hs e o sol, ainda fraco, realçava a cordilheira coberta de neve. Depois de alguns minutos conversando e olhando os mapas, seguimos rumo ao sul, passamos por Tunuyán e logo por San Carlos, cidades que a ruta 40 atravessa a zona urbana. No caminho muitas arvores secas a beira da estrada. Abastecemos em San Carlos. Alguns quilômetros a frente saímos do asfalto, muita areia solta e a ruta 40 interrompida para transito, tivemos que pegar uma paralela que estava em péssimo estado, foram mais de 110 km de areia solta e muitas costeletas pela ruta 144. Passamos pelo embalse Agua del Toro, uma represa com aguas cristalinas e a cordilheira ao fundo, um verdadeiro cartão postal.
Depois de quase 2 hs. de muita areia chegamos no entroncamento da ruta 143, a paisagem continuava desértica e a cordilheira nos acompanhava sempre a direita, poucos quilômetros a frente chegamos a El Sosneado onde abastecemos e pagamos a gasolina mais cara da viagem, 23 pesos o litro.
Em El Sosneado retornamos a ruta 40, e poucos quilômetros a frente estávamos em Malargue, ali paramos novamente. Malargue é famosa pela estação de esqui Las Leñas, e me pareceu uma cidade simpática, a ruta 40 atravessa completamente a cidade, abastecemos novamente e a gasolina a partir desta cidade já tem o incentivo de desconto de impostos para o desenvolvimento da região, pagamos pouco mais de 11 pesos o litro, comemos algo, conversamos e olhamos os mapas. Pedimos informações sobre gasolina no caminho e sobre as cidades, e as informações eram desencontradas, não sabíamos quanto encontraríamos de ripio e onde encontraríamos gasolina, enfim sabíamos que os próximos quilômetros seriam sem recursos e apoio. Saímos com os tanques cheios e com os galões de gasolina até a boca.
Andamos perto de 65 km até a localidade de Bardas Brancas em um asfalto perfeito, poucos carros na estrada e quase nenhuma casa na beira da estrada. Em Bardas Brancas termina o asfalto, ali existe o entroncamento com a ruta 145, o vento neste local era forte e a sinalização era quase inexistente. Paramos um pouco e olhamos novamente os mapas e encontramos o caminho para seguir. A primeira impressão desse trecho de ripio não foi das melhores, pedras soltas e praticamente não havia o trilho para facilitar a pilotagem.
Pilotamos serpenteando a estrada para desviar das pedras grandes, de trecho em trecho havia alguns quilômetros de asfalto, o transito era praticamente inexistente, andamos uns 80 quilômetros alternando ripio e poucos quilômetros de asfalto. Encontramos um casal de ciclistas, paramos e conversamos, cedemos um pouco de agua, casal gente boa.
Seguimos e as localidades que apareciam no mapa não existiam, ou se existiam eram tão pequenas que não percebemos.
Os quilômetros de ripio terminaram e surgiu uma estrada com asfalto novo, com subidas e decidas com curvas fechadas, parecia que estávamos em uma pista de corrida, retas longas com vento lateral ou de frente, enfim uma estrada apaixonante de se pilotar. Aos poucos surgiram pequenas propriedades, o movimento de transito era quase nenhum, a ruta 40 era toda nossa. A cordilheira era nossa companheira e estava sempre a nossa direita ou a nossa frente.
Encontramos dois motociclistas fazendo o caminho contrário, não paramos e cumprimentamos eles na passada, estavam andando devagar e estavam com muita roupa de frio.
Aos poucos o sol baixava e em alguns lugares com a proximidade da cordilheira não tinha sol, o frio se apresentava e o calor do meio dia de 25 graus agora era o frio de 15 graus do final da tarde.
Andamos quase 200 quilômetros nesse asfalto impecável e em uma curva vimos uma placa indicando Chos Malal, logo passamos batido por um trevo, voltamos e entramos na cidade. Fizemos as contas e preferimos ficar em Chos Malal já que até Zapala teríamos mais 200 quilômetros.
Era quase 18hs, entramos na cidade e fomos buscar um hotel, os preços eram altíssimos e nos assustaram um pouco, acabamos ficando em um hotel meia boca com um quarto enorme e estacionando as motos na frente da janela do quarto. Mandamos lavar umas roupas. A cidade naquele momento não tinha sinal de celular e internet. Resolvemos trocar o óleo da minha xt660r e verificamos as correias das motos. Tomamos banho e saímos caminhando para comer algo e tomar uma cerveja.
Era sexta-feira e a cidade as 23hs estava praticamente dormindo. Encontramos um barzinho aberto e ao chamar a garçonete fomos atendidos em um português quase lusitano, pedimos a cerveja e quando a garçonete voltou com a nossa cerveja perguntamos se ela era brasileira, ela nos explicou que sua mãe é Carioca e apesar de viver desde pequena na Argentina vai frequentemente ao Rio de Janeiro e por isso fala português, na conversa ficamos sabendo que o bar é de seu pai.
Pedimos uma pizza bem simples. Conversamos com o dono do bar, sobre o tempo que ele morou no Rio de Janeiro e sobre a beleza da região de Chos Malal, e ficamos sabendo que a região é o paraíso do voo livre na América do Sul.
Voltamos para o hotel caminhando, já era passado da meia noite, a cidade dormia.
Amanha chegaremos na região nevada.

Nenhum comentário: