Acordamos
bem cedo, antes das 6:00hs já estávamos se mexendo, arrumamos a bagagem e fomos
para o café, que além de ser demorado era muito fraco.
A
temperatura era de dois graus e o frio cortava, descemos as motos e arrumamos a
bagagem, enquanto o sol apresentava um lindo dia sem nuvens, a cidade aos
poucos acordava, e o movimento era de pessoas indo em direção à fronteira com a
Bolívia.
Saímos
lentamente e fomos pela avenida principal até o monumento dos mineiros em uma
rotula movimentada da avenida principal, tiramos algumas fotos e partimos.
Andamos a alguns metros e encontramos a placa do início ou fim da ruta 40, ali paramos fizemos fotos e vídeos e seguimos, os primeiros metros da ruta 40 já mostrou o que nos aguardava, era pedra e areia solta em uma estrada off pesado.
Andamos a alguns metros e encontramos a placa do início ou fim da ruta 40, ali paramos fizemos fotos e vídeos e seguimos, os primeiros metros da ruta 40 já mostrou o que nos aguardava, era pedra e areia solta em uma estrada off pesado.
A
paisagem com montanhas ao longe e campos pelados sem vegetação, com o sol
iluminando lateralmente, dava um clima surreal ao contexto do local. A estrada
alternava entre boa e ruim, mas ficava claro que naquele trecho havia movimento
de transito frequente.
A
cada quilometro rodado o medo que eu tinha do desconhecido desaparecia dentro
de meu coração, e aos poucos comecei a curtir a viagem, relaxando e
aproveitando cada subida e decida, cada curva e cada reta.
Andávamos
com velocidade conforme a estrada permitia, e em alguns momentos conseguimos
andar acima de 80 km p/h, em outro tínhamos que andar a menos de 40km p/h.
Ao
vencer a primeira hora de estrada o sol já esquentava e tivemos que parar em um
lugarejo para tirarmos parte de nossas roupas de frio.
Seguimos
firme na tocada, alternando de velocidade conforme a estrada ficava boa ou ruim
até chegarmos em Santa Catalina, lugarejo perdido nos altos da cordilheira e
quase na divisa com a Bolívia, ali paramos e buscamos informações sobre como
seguir pela ruta 40.
Santa
Catalina nos pareceu uma cidade turística, haviam várias placas indicando
pousadas, pitoresca e lembrando a arquitetura das construções de Purmamarca e
Tilcara, com o diferencial de estar a mais de 3800 msnm.
Depois
de falar com 3 ou 4 pessoas pegamos a ruta 40, e logo nos primeiros metros
sentimos que de ali em diante o bicho iria pegar.
Tínhamos
andado apenas 65km em pouco mais de 1:40hs. e o caminho que se apresentava era
terrivelmente pior do que tínhamos passado até ali.
Seguimos
devagar, já que a estrada tinha virado um carreiro em certos locais, e fomos
atravessando bancos de areia e pedregulhos espalhados pelo caminho, em alguns
lugares pequenos riachos com agua com coloração estranha e cheiro muito
desagradável.
A
velocidade não passava de 40km p/h e a estrada não rendia, o tempo passava e a
temperatura foi aumentando e a sensação era de 18/20 graus.
Passamos
por pequenos lugarejos, em lugares isolados e sem agua e luz, víamos as vezes
casebres longe da estrada no meio do nada com pequenos rebanhos de cabras.
A
estrada de chão batido, com muita areia solta, levantava muita poeira, os
poucos carros e caminhões que encontramos levantavam muito pó, o que fazia a
pilotagem ser mais complicada.
Quando
sonhava com essa viagem, imaginava que os 300km entre quilômetros entre La
Quiaca e Susques seriam vencidos em 4/5 horas, só que a realidade é outra sendo
impossível imprimir ritmo mais rápido em alguns lugares.
Depois
de andar muito tempo, por volta do meio dia passamos por Timon Cruz, lugarejo
pequeno a beira da estrada, logo paramos para comer algo e conversamos sobre um
pouco.
O
silencio da cordilheira era magnifico, e o único barulho que se ouvia era do
vento. De onde paramos tínhamos uma visão privilegiada do relevo e as cores da
cordilheira, e ficamos por algum tempo apreciando aquele lugar muito bonito.
A
areia solta, as pedras soltas e as costeletas de vaca foram uma frequente neste
trecho, e além disso o relevo irregular, com muitas subidas e decidas transformam
a pilotagem em um verdadeiro off, onde qualquer descuido te leva ao chão,
juntamente com subidas com curvas em cotovelos que surgem de surpresa são
frequentes, assim como descidas que levam a banco de areias ou riachos cobertos
de limo.
Todas
as dificuldades para chegarmos naquele local, conjugado com a beleza da “puna”,
fizeram meus sentimentos aflorar em alguns momentos, senti que estou no caminho
certo, e que essa vontade de conhecer os locais mais distantes e mais difíceis
realmente é o que me leva a felicidade, desbravar o trajeto original da ruta 40
partindo de La Quiaca realmente foi a escolha correta, as dúvidas que tinha
quanto ao que encontraríamos neste trecho sumiram rapidamente naquele dia.
Seguimos
nosso ritmo e aos poucos a estrada foi melhorando, algumas retas surgiram que
permitiam andar com velocidade superior a 60km p/h, o que fez a viagem render
pouco mais.
A
paisagem continua a mesma, aparecem riachos e formações rochosas, em alguns
lugares a ruta 40 anda sobre as montanhas, em outros as montanhas ficam ao
lado.
Passamos
por Orosmayo onde paramos dentro do lugarejo para descansar em uma sombra e
conversamos com alguns locais e pedimos algumas informações sobre distância até
Susques e cada pessoa que perguntávamos dava informação diferente.
Por
volta de 14:30hs chegamos em Mina Pirquitas onde perguntamos por gasolina e não
tivemos sucesso, sobre a distância até Susques novamente as informações eram
distorcidas.
Na
saída de Mina Pirquitas avistamos um caminhão de combustíveis vindo em nossa direção
e paramos para perguntar a distância até Susques, e o caminhoneiro deu a
informação exata de 110 quilômetros.
Seguimos
com a estrada cada vez melhor, e já conseguíamos andar com muito cuidado a 80km
p/h, e ao longe avistamos um ciclista empurrando a bicicleta, paramos e
conversamos com o aventureiro que era de Buenos Aires e fazia cinco dias que
havia saído de La Quiaca, estava exausto e a areia solta impedia que ele
andasse em sua bicicleta, ofereci carona e ele agradeceu.
Logo
estávamos em Susques, eram pouco mais de 16hs e estava calor, fomos abastecer e
tirar um pouco da poeira de nossas roupas e das motos. Ficamos mais de meia
hora conversando com o bombeiro do posto de gasolina e pegando informações do
caminho para San Antônio de Los Cobres.
As
informações falavam que em uma 1:30hs estaríamos em San Antônio de Los Cobres,
e saímos pouco mais de 16:30hs. de Susques. Nos primeiros quilometros já
percebemos que a estrada era boa e que iriamos conseguir andar em velocidade
boa na maior parte do tempo. A estrada estava patrolada e havia transito de
carros e motos, diferentemente do trecho anterior onde encontramos poucos
veículos.
Seguimos
em um ritmo bom e depois de uma hora, entre curvas, subidas, descidas e retas,
chegamos em um desfiladeiro com pedras enormes e ao longe víamos o viaduto La
Polvorilla, aonde passa o famoso trem das nuvens.
Como
estávamos entre montanhas, ali naquele local já começava a escurecer, tiramos
algumas fotos e admiramos o local por alguns minutos.
Seguimos
em frente e descemos por uma estrada muito ruim, foram 5/6 km terríveis, até
achamos que estávamos perdidos, no início era muita pedra solta em um caminho
muito estreito, depois quando já estávamos em uma parte plana era areia que
afundava as rodas da moto uns 10 cm. combinada com costeletas de vaca.
Depois
de uma meia hora daquele sofrimento, em que alguns momentos andamos fora da
estrada, chegamos ao cruzamento da ruta 51, e logo chegamos a San Antônio de
Los Cobres.
Na
chegada a San Antônio de Los Cobres fomos diretamente a um “lavadero” de motos,
já que as motos estavam tomadas de pó, lavamos as motos e batemos o pó de
nossas roupas e botas.
San
Antônio de Los Cobres tem aproximadamente 4.500 habitantes e está a 3.800 msnm,
e vive da exploração de minérios.
Após
lavar as motos pegamos uma indicação de um hotel/pousada, pagamos 400 pesos
para os dois com café da manhã e garagem para as motos.
O
frio se apresentava e fomos tomar banho e descansar um pouco, não havia sinal
de internet na pousada e meu telefone, que estava liberado para funcionar na
Argentina em Cobres não funcionou.
Saímos
para comer uma pizza a duas quadras da pousada. No caminho escutamos um barulho
muito auto e vimos que vinha de um galpão com geradores de luz, ou seja a
cidade não tem luz elétrica.
Jantamos
uma pizza muito mal feita e voltamos para a pousada, o frio era de cinco graus,
e o cansaço era muito grande, e logo fomos dormir.
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