quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Viagem Uruguay, Argentina e Chile - A Jornada - Dia 20 de Abril - décimo quarto dia

Acordamos cedo, tomamos café e antes das 8 hs. da manhã estávamos saindo de Neuquem, tomamos algumas dicas e nosso destino era ir a Santa Rosa nesse dia, como estávamos com um adiantado na viagem de volta saímos tranqüilos, andamos uns 10 km. e uma pedra saltou da traseira de um caminhão e pegou na mão do Rodrigo, paramos e ele reclamou muito da dor, pegamos informações sobre o caminho a ser seguido e rumamos a Puelches, as informações eram que Puelches ficaria a 200 km. e fomos em frente, seguimos e tínhamos a informação sobre um lugarejo mais ou menos em meio caminho chamado Casa de Piedra, andamos uns 160 km. para chegarmos em Casa de Piedra, para se ter uma idéia de como é esse trecho de deserto comparo ao deserto do filme “Mad Max”, ali encontramos uma represa e uma cidadezinha sendo construída, um posto de combustível em fase final de construção e poucas pessoas morando ali naquele lugar distante de tudo, perguntamos quantos quilômetros até Puelches e ficamos sabendo que teríamos mais no mínimo 100 km. pela frente, nossa gasolina não nos levaria até Puelches, ai saímos pedindo gasolina para todas as pessoas que encontrávamos, até que encontramos um senhor que trabalhava em uma maquina (trator), e o cidadão conseguiu uns 5 litros de gasolina pra nós e não queria cobrar nada, demos uns pesos para o cara, e seguimos viagem, fomos em velocidade baixa para economizarmos, depois de uma hora e meia chegamos a empoeirada Puelches, no tanque de minha moto tinha uns 300 ml. de gasolina, ali abastecemos e comemos um pão com um pedaço de carne dentro e tava bem bom, seguimos rumo a Gral. Acha, pouco movimento nas estradas, imagina em um domingo e viajando no deserto, isso me fez pensar muitas coisas da vida, da liberdade, de como sou um felizardo de poder viajar por lugares como estes, de como somos pequenos em certos momentos na vida, e damos importância a coisas que na verdade não tem valor nenhum nessa vida. Pensando e tendo tempo para pensar, você acaba pensando coisas às vezes sem nexo e foi ai que pensei: “Como é feliz essa minha Falcon, apesar de ser uma 400 cc, esta aqui viajando por esses paises, conhecendo essas retas maravilhosas, pegando ventos laterais e frontais, pegando frios de zero grau e logo temperaturas de quase 35 graus, certamente ela tem, caso tivesse a capacidade de formular pensamentos e se expressar, a mesma felicidade que eu sinto por fazer essa linda e maravilhosa viagem, e também ela deve estar dando risadas das infelizes motocicletas que nunca fizeram e/ou farão viagens como esta...”, nem sei se esse pensamento é tão sem nexo assim... Bom andamos mais umas horas e por volta de 14:30 hs. chegamos a Gral. Acha, que é onde termina ou começa o deserto La Pampa, fomos abastecer direto e desci da moto fazendo piadas para animar o ambiente, pois estávamos viajando já há quatorze dias e o dia de ontem e hoje foram bem puxados, abastecemos e enquanto conversávamos o Rodrigo deu uma examinada no bagageiro de sua moto que já tinha apresentado algumas rachaduras, e percebeu que ela estava por um triz de definitivamente romper, ai sugeri tirarmos o baú do bagageiro e fixarmos na parte traseira do banco e foi o que fizemos e amaramos bem para seguirmos, saímos dali e seguimos para Santa Rosa, andamos mais uns 100 km. e na entrada da cidade o Rodrigo fez sinal para pararmos e me falou que não poderia continuar, pois o baú estava batendo em suas costas e lhe machucando, bom nos restou apenas procurar um soldador, e fomos procurar, andamos uns 100 metros e o Rodrigo avistou um local com muitos carros velhos espalhados dentro do pátio, fomos até lá e na chegada percebemos que se tratava de uma casa de ciganos, mas perguntamos a um jovem que estava na frente da casa se eles tinham ou sabiam aonde teria um soldador e ele nos respondeu que não tinha más se andássemos mais uns 50 metros pela via principal encontraríamos um galpão com um portão grande de ferro, agradecemos e antes de sairmos chegou um carro com uns quatro ou cinco ciganos e já foram perguntando o que queríamos ali, e uma cigana já foi pedindo dinheiro ao Rodrigo, como eu estava encima da moto, liguei a moto e fui saindo, o Rodrigo também subiu na sua moto e foi saindo, fiquei rindo da situação, e antes de comentar sobre isso já estávamos na frente do galpão e ele estava com a porta aberta, o Rodrigo desceu da moto e entrou e por incrível que possa parecer em pleno domingo em uma cidade do interior da Argentina conseguimos encontrar um soldador com o aparelho na mão... o Rodrigo falou com o cara e o cara na hora já disse que poderia fazer, e em menos de 40 minutos estava pronta a solda do bagageiro da moto do Rodrigo, quando fomos perguntar quanto saiu o serviço tivemos a grata surpresa do nosso novo amigo Guido não querer de forma alguma cobrar, e ai argumentamos que gostaríamos de pagar e tudo mais e ele insistiu em dizer que não cobraria e nos disse mais, disse que admirava o que nós estávamos fazendo, que era um dos seus sonhos viajar dessa forma, que quando era jovem teve uma motocicleta, e depois comprou um carro e corria na formula Renault Argentina, e que por motivos familiares havia abandonado esse esporte, e por tudo isso não nos cobraria nada. Putz... Num domingo, no meio do nada, em Santa Rosa, Republica Argentina, quebrou o bagageiro e encontramos um soldador com o maçarico na mão, é muito, e ainda o cara não cobrou pelo serviço que ficou perfeito... Esse mundo é foda... Nos despedimos do Guido e saímos em direção a Realicó que fica a mais ou menos a 120 km. de Santa Rosa e ao anoitecer lá chegamos, pegamos o primeiro hotel que encontramos e banho tomado fomos até o centro para comer algo e se comunicar com nossos familiares, fomos dormir cedo, pois estávamos muito cansados em função do calor encontrado nesse trecho do dia.

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